Inteligência Estratégica
Inteligência Estratégica
Inteligência Estratégica, um sentido chinês.
Em seu livro “Traité de l’efficacité”, publicado em 1997, o sinólogo francês François Jullien observou que tratados militares (como Son Ji 孫子), diplomáticos (comoGwai Guk Ji 鬼谷子) e políticos (como o Hon Fei Ji 韓非子), escritos no Período Jin Gwok戰國, apresentaram coerentemente uma inteligência, desenvolvida pelo pensamento chinês, de natureza eminentemente estratégica que marcou os principais setores da atividade humana.
Em entrevista ao projeto “A Bordo do Junco Vermelho”, Professor Jullien afirmou que essa inteligência estratégica caracterizava-se pela “capacidade de beneficiar-se das condições”.
Na mesma obra mencionada, ele escreveu que essa inteligência “não passa pela relação teoria-prática e se apoia apenas na evolução das coisas”. Ao estudá-la descobrimos uma concepção de eficácia que ensina a deixar advir o efeito: não a visá-lo (diretamente) e buscá-lo, mas a deixá-lo resultar (como consequência) e a recolhê-lo.
Se um estrategista chinês não se empenha com algo e se esforça para não forçar, não se trata de negligência ou alienação, mas de ter mais êxito no mundo.
Por isso, os tratados do Período dos Reinos Combatentes diziam que “basta saber tirar proveito do desenrolar da situação para se deixar "portar" por ela”.
Esse tipo de pensamento estratégico foi desenvolvido, com base no pensamento chinês, – fundamentado na relação Yam-Yeung 陰陽 -, favoreceu refletir a guerra em termos de polaridade. Mas se há oposição, há também complementaridade. Ao pensar a guerra assim, é natural enxergá-la a partir da relação com a outra parte (o adversário) e não da vontade isolada de uma das partes. O mesmo se passa com a diplomacia e a política, bem como todas as atividades que envolvem relações humanas.
É dentro desse contexto que um compatriota de François Jullien, o também sinólogo Jean Levi destacou o Son Ji 孫子 como exemplo de uma tradição filosófica na qual a inteligência era considerada principalmente – se não exclusivamente – como a capacidade de interpretar a mudança.