Como a completude do Sistema Ving Tsun pode ser representada?

Completude do Sistema Ving Tsun.

Completude do Sistema Ving Tsun (Wing Chun), para o seu melhor entendimento o Patriarca Moy Yat, escreveu que a Fundadora Yim Ving Tsun aficou-se a dispor o Sistema Ving Tsun (Wing Chun). Essa disposição em lista tornou os elementos solidários de tal maneira que as relações entre eles, na constituição do todo, passaram a ser mais significativas que cada um deles por si mesmos. Ele chamava isso de Tung, que podemos traduzir como conexão, comunicação, e é a grande característica de um sistema chinês (Hai Tung). Ao listar sigilarmente esses elementos solidários, Patriarca Moy Yat utiliza dezoito caracteres: Siu Nim Tau, Cham Kiu, Biu Ji, Mui Fa Jong, Luk Dim Bun, é  Baat Jaam, Do. 

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A determinação de seis elementos, em vez de limitativo, nesse contexto, pode ter um significado de algarismo extremo, que vai até o extremo da mudança. Segundo o Professor Jean Levi, os números estão além das palavras. Desde os tempos mais remotos, os símbolos foram associados a números. Ao associar os seis domínios do Sistema Ving Tsun (Wing Chun) com os hexagramas do Yi Ging, estamos retomando a antiga idéia de associar um hexagrama a uma invenção ou atividade. Embora a aproximação do Livro das Mutações com as atividades marciais ocorra desde um passado bem mais distante, apenas um século antes da fundação do Sistema Ving Tsun (Wing Chun) que as operações militares tornaram-se objeto de uma aproximação sistemática com as figuras e as expressões do Yi Ging

O ordenamento existente entre os seis domínios do Sistema Ving Tsun(Wing Chun), além de apontar a progressão de sua complexidade estrutural, indica também a distinção de quatro setores – um conjunto de três elementos,  composto pelos três primeiros itens, cujos nomes não explicitam o setor a que pertencem – o kuen faat (Método de Punho) -, a não ser por ausência; e três conjuntos de um elemento, compostos por cada um dos três últimos itens, cujos nomes contêm referência explícita ao setor em que se incluem, quais sejam: Jong Faat (Método do Boneco) , Gwan Faat (Método do Bastão) e Do faat ( Método da Faca). 

Questionado por Mestre Mestre Leonardo Mordente, o Patriarca Moy Yat escreveu sobre o motivo de ter dado um nome específico para a trilogia que envolve a modalidade de mãos livres, kuen faat: “Quanto à pergunta do fim de sua carta sobre por que os três To Kuen chamam-se Ving Tsun Saam Cheung, quando escrevi esse livro e fui obter um título para ele, originalmente chamei-o Ving Tsun Saam Bo Kuk. Depois, pensei com mais cuidado e senti que o título não era bom pelo fato de haver o aforismo: ‘Quando a música acaba, as pessoas se separam’. Então, mudei-o para Ving Tsun Saam Cheung. Foi para evitar a palavra “kuk”[música]. Espero que você tenha entendido minha preocupação. 

A ideia do Patriarca Moy Yat de nomear a trilogia fundamental do Sistema Ving Tsun (Wing Chun) de Saam Cheung pode ser explicada no nível concentrado do hexagrama, ou seja, o trigrama, no qual a estrutura do último capta a evolução em curso no estado em que o primeiro ainda não se desdobrou. Nesse estágio fundamental das coisas, nenhuma disposição exclui a outra, já que tudo ainda é unitário e pode ser um meio. A preocupação de evitar o termo kuk pelo Patriarca Moy Yat pode ser considerada mais que um mero preciosismo, pois, caso contrário, perder-se-ia a visão do nível desenvolvido do hexagrama, onde sua estrutura capta a evolução quando está completamente desdobrada. Nesse estágio do advento concreto, não há nada mais que “caminhos” diversos ou, mais exatamente, não se pode introduzir distinção hierárquica. 

A relação da estrutura hexagramática com a arquitetura de uma realidade faz-se a partir do momento em que há um só meio, esclarece o pensador chinês Wong Fu Ji. O real se estabiliza nele, se imobiliza, e não pode mais mudar; e é somente se houver dois centros, ou dois meios, que, por variação entre eles, a “mudança”, que é a realidade do real, pode se produzir. Assim, contrariamente à fixação a que levaria qualquer monopolização devida a um centro único, a lógica de todo real é a de uma regulação que, variando de um pólo a outro, como aqui entre os dois centros do hexagrama, permite que o real vá cada vez mais até o fim do caminho tomado. 

 

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