Bruce Lee e a Perspectiva Kung Fu

Bruce Lee e a Perspectiva Kung Fu

O filme Enter the Dragon inaugurou um novo gênero das artes marciais O curioso é que as versões chinesa e americana tinham diferenças que só foram equiparadas 25 anos depois. Isso mesmo, um quarto de século depois.

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Bruce Lee se tornou o praticante de Ving Tsun (Wing Chun)  mais famoso. Seu aprendizado no estilo Ving Tsun (Wing Chun) atraves do falecido Patriarca Ip Man o levou a uma compreensão da arte marcial num nível bem distinto de outros.

Mas o que vem a ser o Sistema Ving Tsun (Wing Chun) que Bruce Lee aprendeu em Hong kong?

Ving Tsun (Wing Chun) é um sistema de Kung Fu. Atribui-se à Fundadora Yim Ving Tsun a sua integralização em seis domínios – Siu Nim Tau, Cham Kiu, Biu Ji, Mui Fa Jong, Luk Dim Bun Gwan e Baat Jaam Do – representados por listagens de dispositivos corporais de combate simbólico.

O emprego de dispositivos corporais para a constituição das listagens de um sistema, visando o desenvolvimento do Kung Fu, parece natural se for considerado que a experiência corporal é a mais próxima, a mais íntima, a mais direta e aquela que se pode menos duvidar para frustrar a atividade dicotômica do pensamento, que petrifica a fluidez de uma tendência e impede que se perceba os sinais ínfimos da transformação que está por vir.

Por sua vez, desde os tempos remotos, os chineses valorizam a simbologia do combate como uma experiência de premência de morte que potencializa a capacidade de dois polos opostos se complementarem.

Concebidos a partir de uma conduta feminina, chi jit, os dispositivos corporais de combate simbólico, chamados de jiu sik, possibilitam desenvolver uma capacidade de adaptação que transforma o adversário no próprio potencial a ser explorado em um conflito.

A determinação de seis elementos, em vez de limitativo, nesse contexto, pode ter um significado de algarismo extremo, que vai até o extremo da mudança. Desde os tempos mais remotos, os símbolos foram associados a números. Ao associar os seis domínios do Sistema Ving Tsun com os hexagramas do Yi Ging, pode-se retomar a antiga ideia de associar um hexagrama a um sistema.

O ordenamento existente entre os seis domínios do Sistema Ving Tsun (Wing Chun), além de apontar a evolução de sua complexidade relacional, indica também a distinção de quatro modalidades – um conjunto de homogêneos, composto pelos três primeiros, cujos nomes não explicitam a modalidade a que pertencem – o kuen faat -, a não ser por ausência de elementos externos; e um conjunto de heterogêneos, cujos nomes contêm referência explícita à modalidade em que se incluem, quais sejam: jong faat, gwan faat e do faat.

A relação da estrutura hexagramática e a arquitetura de uma situação faz- se a partir do momento que dois trigramas são identificados e assim dois centros, ou dois meios, são percebidos. É, por variação entre eles, que a “mudança” pode se produzir. Assim, contrariamente à fixação a que levaria qualquer monopolização devida a um centro único, a lógica de toda situação é a de uma regulação que, variando de um polo a outro, como aqui entre os dois centros do hexagrama, permite que o desdobramento vá até o fim do caminho tomado.

Essa duplicidade trilógica, promovida pelo hexagrama, enseja três fases, cujo conjunto é conhecido por “Sau, Poh, Lei”. Sau pode significar aceitar, manter, mas o Patriarca Moy Yat (9GVT) foi enfático: Sau, neste caso, quer dizer obedecer. Poh é romper em pedaços, para que possa ser investigado. Lei que quer dizer separar. Essas fases que potencializarão o Ving Tsun como um sistema de desenvolvimento de Kung Fu.

A função de um sistema de Kung Fu é estabelecer, em cada domínio, uma tipologia das disposições particulares que tem sido reconhecidas como as mais apropriadas para o desenvolvimento da excelência em uma determinada manifestação artística e cuja a experiência tem sido provida de mestre a discípulo, de geração a geração, como um legado familiar.

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