Wing Chun Kung Fu
Wing Chun Kung Fu
Wing Chun Kung Fu foi apresentado ao público ocidental apenas como uma arte voltada para a luta. Nesta matéria escrita no inicio da década de 90, para uma importante revista da época conhecida como "Kiai", poderemos vê-la como uma arte de viver.
Ao longo da civilização da China, alguns grandes homens se destacaram pelo conhecimento das artes tradicionais.
Todas elas auxiliavam o indivíduo a alcançar as principais virtudes apregoados pelo povo chinês, como prudência, humanidade, determinação, tranquilidade, bondade, justiça e lealdade.
Estas antigas artes podiam ser separadas em duas categorias: as que o envolvimento fisico era predominante, como as artes marciais, a arte do Arco-e-Flecha e a Carruagens; e as eram consideradas mais delicadas ou intelectuais, como a Pintura a Escultura, a Literatura, a Caligrafia, a Música e a Matemática.
O Principio do Yam-Yeung (Yin-Yam) ensina-nos que os opostos devem coexistir, interagindo-se harmonicamente. Da mesma forma, era considerada um verdadeiro artista aquele que dominava as artes pertencentes as duas categorias citadas.
O Patriarca Moy Yat, segundo a orientação de seu mentor, o falecido Patriarca Ip Man, iniciou-se nos estudos das artes tradicionais desde muito jovem. Embora seja conhecido mundialmente por seu profundo conhecimento no campo das Artes Marciais , ele também foi um Mestre na arte da Pintura, Escultura, Literatura e Caligrafia.
Em 1953, Moy Yat, apresentado por seu amigo Moy Bin Wah ao Patriarca Ip Man, iniciou seus estudos de Ving Tsun (Wing Chun).
Nesta época, Moy Yat media 1,80 m de altura e pesava 57Kg e conforme sua próprias palavras, “era magro como bastão de bambu”. Entre seus colegas estavam alguns motoristas de ônibus, alguns alunos de escola inglesas particulares (caríssimas e de excelente nível) e alguns estudantes de escolas inglesas públicas (para aqueles que não tinham dinheiro para sustentar seus estudos). Moy Yat pertencia a esse último grupo.
Em Lee Cheung Uk Estate, bloco 32, conheceu seu primeiro grande amigo na Familia-Kung Fu, Hak Chai Hung. Este havia iniciado seus treinamentos na rua Lee Tat, em Yaumatei. Era muito sério e calado. Ao aprender Ving Tsun (Wing Chun) tornou-se menos tímido. Ele não tinha nenhum dente, com exceção de um “canino”. Moy Yat acreditava que uma das razões para Hak Chai Hung estar sempre sério era o medo de alguém vê-lo sorrir. Certa vez, Moy Yat afirmou que seu Si-Hing (irmão mais velho) Hak Chai Hung em muito contribuiu para o desenvolvimento de seu Kung Fu.
Durante três anos, na residência do Patriarca Ip Man em Lee Cheng Uk Estate, eles, juntos, limpavam o local, buscavam água para depois encher os tanques, e faziam todos os outros afazeres domésticos.
Moy Yat costumava chegar às 13:00hs, pois estudava de manhã. Normalmente Hank Chai Hung ja estava lá, socando o saco de parede (Sa Bow).
Um dia Moy Yat percebeu porque Hak Chai Hung gostava de praticar Kung Fu com ele. Para inicio de conversa, Moy Yat era um dos poucos que gostava e respeitava seu Si Hing Hak Chai Hung. Mas o mais importante era que este via no corpo magérrimos de Moy Yat, assim como em seu único dente, algo que os fazia diferentes e ridicularizados pelos outros. Em outras palavras, “eles estavam no mesmo barco”.
Os anos passaram e Moy Yat tornou-se um dos principais discípulos do Patriarca Ip Man, tornando-se companhia frequente. Seu cargo privilegiado no governo de Hong Kong, a proximidade de onde ambos moravam e a empatia existente entre mestre a o discípulo fizeram com que Moy Yat dedicasse mais de 10 horas por dia para seu mestre Ip Man, muitas vezes em 7 dias por semana. Assim, em pleno século XX, Moy Yat pôde ter o aprendizado tradicional da mesma forma que os antigos discípulos ancestrais. Esse processo, chamado de "Vida-Ku Fu" é enfatizado até hoje nos ensinamentos de seus próprios discípulos.
Patriarca Ip Man
Aos 24 anos, Moy Yat foi qualificado por Ip Man a transmitir a arte até então.
Assim ele fundou a “Ving Tsun Moy Yat Kin San Hok Yun”(instituto de saúde Moy Yat de Ving Tsun), na 53 Bute St. 9th Floor, Flat C, em MongKok, Kowloon.
Seus primeiros discípulos foram Greco Wong (Wong Sai Chung), Jeffrey Chan.
Devido a sua aproximação com o Patriarca Ip Man e seu bom relacionamento com seus irmão Kung Fu, Patriarca Moy Yat sempre teve uma participação ativa em todos o grandes momentos do Clã Ving Tsun. Além de ser responsável por vários anos, pela organização da festividade de maior importância dentro do clã, a celebração do aniversário do seu líder o Patriarca Ip Man, ele foi o presidente do comitê Preparatório para a fundação da Hong Kong Ving Tsun Athletic Association.
Muitos consideravam o Patriarca Moy Yat como o braço direito de Ip Man. Ao ser indagado a esse respeito pela revista “Combat” da Inglaterra, ele foi categórico e dizer: "Eu apenas cuidava das coisas de meu Si Fu”. O que obviamente era minha obrigação como discípulo. Eu não estava fazendo nada de especial ao ajuda-lo, pois era meu dever. Além do mais, se eu não fizesse quem faria?
A ida do Patriarca Moy Yat para os Estados Unidos.
Com o falecimento do Patriarca Ip Man a 1º de Dezembro de 1972, Moy Yat mudou-se com sua família para os Estados Unidos, precisamente para New York, a mais cidade do mundo, com a missão de promover o tradicional Ving Tsun no Ocidente.
Desde a fundação em 1973, da “Moy Yat Ving Tsun Kung Fu Special Student Association”, 5 Saint Pauls PI, apto 1A, no Brooklin, e sua transferencia em 1979 para Chinatown, 45 East Broadway, sexto andar.
O Patriarca Moy Yat limitou-se a transferir seus conhecimentos a um reduzido grupo de pessoas mantendo-se alheio a todo o tipo de envolvimento politico. Deste grupo destacaram-se alguns discípulos por tudo aquilo que fizeram pela Família Kung Fu : Lester Lau, Douglas Lee, John Cheng, Micky Chan, Henry Moy, John Tsang, Rex Aperauch, Phillip Yuen, Robert Brimley, Daniel Inosanto, William Moy, Pete Pajil, Anthony Dandrige, Bob Morgenstern, Javier Ramirez, Miguel Hernadez e tantos outros.
Embora fosse uma das maiores autoridades do mundo em sua arte, o Patriarca Moy Yat não se preocupou em ser o centro das atenções a “febre do Ving Tsun (Wing Chun), iniciada com o sucesso de seu praticante mais famoso, hoje o legendário Bruce Lee.
Como um tradicional e diligente mestre de Kung Fu, o Patriarca Moy Yat preferiu dedicar-se inicialmente aos seus então jovens discípulos, fortalecendo sua família internamente, em vez de promover sua própria pessoa ou comercializar sua arte. Esta era uma época onde muitos falavam muito, mas poucos tinham algo a dizer.
Alguns praticantes que viam o Ving Tsun (Wing Chun) como um simples método de combate com o tempo desistiram e passaram a praticar outras modalidades de luta em voga, enquanto que outros que viam na arte um modo de vida continuaram a sua busca incessantemente. Muitos deste último grupo foram então procurar esse senhor em “Chinatown de New York”, um mestre desconhecido do público com um profundo respeito de toda a comunidade chinesa. Neste contexto, Grão-Mestre Leo Imamura encontrou Moy Yat, uma pessoa que insistia em dizer que Ving Tsun (Wing Chun) é uma arte suave, que visa a busca da liberdade e do relaxamento do praticante.
Após uma década, Moy Yat percebeu que era hora de transmitir seus conhecimentos ao grande público. Muitos de seus discípulos haviam alcançado o nível de mestre da arte e, assessorado por seus principais seguidores, passou a se dedicar intensamente na promoção da arte, preservando acima de tudo as raizes tradicionais do sistema Ving Tsun (Wing chun).
Sua primeira aparição pública foi no “All Kung Fu Master, Exibition”, em 1988 realizado em chinatown de New York. O respeito da comunidade chinesa a sua pessoa foi tamanho que impressionou profundamente a equipe de reportagem da famosa revista "Inside Kung Fu”, presente no local. Ao ser perguntado a razão pela qual ele era tratado como celebridade por todos os presentes pela repórter Rhonda J. Wilson, ele declinou tal formalidade e simplesmente respondeu: "Eu apenas sou uma pessoa comum”.
Grão-Mestre Leo Imamura e seu mentor o Patriarca Moy Yat
A primeira visita do Patriarca Moy Yat ao Brasil.
Em 1990, convidado pela Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence com o apoio da Federação Paulista de Kung Fu – Wushu, o Patriarca Moy Yat pisou em solo brasileiro pela primeira vez.
A Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence foi fundada sob os auspícios Moy Yat Ving Tsun Kung fu Special Student Association com o objetivo de transmitir, através de tutores , altamente qualificados, os conteúdos tradicionais do Sistema Ving Tsun (Wing Chun), permitindo que o processo de aprendizado da arte fosse o mais amplo possível para todos as pessoas interessadas.
Ao esclarecer o público em geral sobre os ensinamentos tradicionais da arte do Ving tsun (Wing Chun) a Moy Yat Ving Tsun Marcial Intelligence esta prevenindo que os interessados na pratica do Ving Tsun (Wing Chun) não sejam lesados física, mental e emocionante por oportunistas que vêm sistematicamente ludibriando pessoas de boa-fé.
No 1º Seminário Internacional de Ving Tsun (Wing Chun), realizado em São Paulo, Moy Yat fez uma pequena introdução sobre essa arte, apresentando ao público brasileiro noções elementares a respeito do sistema Ving tsun (Wing Chun). Este evento foi prestigiado por 750 pessoas.
Foi um dos seminários de maior audiência proferido pelo Patriarca Moy Yat, sendo somente superado pela palestras ministradas na cidade do Mexico quando mais 1.000,00 pessoas participaram do acontecimento.
Na ocasião desta visita, o Patriarca Moy Yat ministrou 10 aulas exclusivas para os membros especialmente selecionados dos núcleos da Moy Yat Ving Tsun do Brasil, onde abordou temas de grande complexidade. Todos o que tiveram o privilegio de participar destas aulas ficaram profundamente impressionados quando o Patriarca demonstrou seus conhecimentos sobre o Ving Tsun (Wing Chun). Embora muito dos seus ensinamentos ministrados não puderam ser compreendidos de imediato, estas pessoas comprovaram por si as razões pelas quais ele é considerado um dos grandes líderes mundiais desta arte marcial.
Patriarca Moy Yat e seu discipulo Grão-Mestre Miguel Hernandez
( Foto Tirada antes do seminário realizado em São Paulo em 1990)