Vencer sem Lutar

Vencer sem Lutar

Vencer sem lutar é possível?  É preciso lutar para vencer?
Pode existir alguma arte marcial que proponha não lutar para vencer?
É possível desenvolvermos uma estratégia que nos ensine a vencer sem lutar? 
Estas perguntas nos levaram as proposições que foram apresentadas ao grande público há mais de quatro décadas, por ninguém menos que o legendário Bruce Lee.
Vamos ver como isso se passou e veremos quais fundamentos estão por detrás destas ideias aparentemente paradoxais. 

No video abaixo, Grão-Mestre Leo Imamura fala sobre esse importante assunto, seguindo a serie Vida-Kung Fu.

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O sábio consegue ver significado no que é comum a todos nós, e é capaz de encarná-lo e universalizá-lo totalmente. Assim, o Kung Fu não é manifestado só nos "grandes momentos", quando nossa atenção estratégica é fácil de ser exigida. Ele é revelado principalmente no dinamismo das situações da vida cotidiana, onde não existe uma regra rígida e clara a seguir como: cuidar das crianças, respeitar professores, ajudar amigos e colaborar com colegas de trabalho.

A resposta a estas situações é espontânea e caracterizada pela capacidade de fluir ações apropriadas como uma forma de auto-expressão resultante das habilidades e sensibilidades internalizadas pela prática diligente. Daí a importância daquilo que o Patriarca Moy Yat chamava de Vida Kung Fu.

Aprender Kung Fu não é acumular conhecimento, uma vez que sua busca é o desenvolvimento de habilidades incorporadas. Este tipo de aprendizagem só pode ser compreendido e apreciado por meio da própria experiência. A prática reiterada se torna uma fonte de prazer, pois através dele, o aprendiz adquire gradualmente uma consciência mais profunda do que é aprendido, obtendo assim os benefícios da sua dedicação. É importante salientar que a aprendizagem do Kung Fu não é também a mera aquisição de habilidades motoras, onde "saber como" é comumente entendido. Trata-se da transformação da pessoa, enquanto desenvolvimento humano.

Quando os discípulos perguntavam sobre Vida Kung Fu, o Patriarca Moy Yat dificilmente tentava explicar com palavras do que se tratava. Ele preferia relatar sua experiência com o Patriarca Ip Man e como o seu mentor respondia diante de diferentes circunstâncias. Ele dava orientações de acordo com as condições particulares de cada discípulo e, deixava-os saber a área específica em que deveriam investir o seu esforço. Na verdade, os ensinamentos do Patriarca Moy Yat raramente se constituíam de instruções verbais. Uma vez que o desenvolvimento humano não é uma questão de compreensão intelectual, ele estaria confundindo seus alunos se apenas o descrevesse verbalmente. Não poucas vezes, seus discípulos eram desencorajados a perguntar, se ainda não haviam experimentado o que era para ser entendido.

A relação mestre-discípulo no Kung Fu parte do pressuposto de que o verdadeiro conhecimento é muito mais do que as palavras podem transmitir, e que exige muito mais do que o intelecto para perceber, compreender e manifestar. A razão deve ser auxiliada pela intuição cultivada e a consciência é acessível apenas através da prática diligente. O mestre deve ser capaz de ver as coisas que ainda não são percebidas para o cultivo do discípulo. Mas o que ele percebe não pode ser transmitido ao discípulo apenas por palavras. Então, os aprendizes são ensinados de maneira completamente diferente – não com ênfase na apresentação verbal e convencimento – mas por orientação mais individualizada e exemplos vivos do mestre. Os discípulos devem segui-los e praticá-los em conformidade. Por isso, é dito que a linguagem da Vida Kung Fu é o silêncio.

 

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